terça-feira, 27 de dezembro de 2016

CIBERBULLYING



Profª Cláudia  Honorato



1      INTRODUÇÃO

            A sociedade contemporânea passa por um momento singular em que as mudanças são muito expressivas. A cada dia, surgem novas tecnologias que  são inseridas e influenciam o ritmo de vida e alteram as relações entre as pessoas. A inserção irreversível da mulher no mercado de trabalho tem provocado sensíveis transformações no modelo familiar e, com isso, diferentes instituições educacionais são criadas para atender ou cuidar de nossas crianças. As mudanças são tantas nos mais variados setores, que podemos dizer que hoje vivemos não uma época de mudanças, mas uma mudança de época. Estamos no terceiro milênio, globalizados e numa sociedade de mercado em busca da modernização.
            Na história da humanidade existiram muitas formas de agressão e violência. Nota-se que, apesar do século XXI contemplar resultados quanto a conquistas de direitos humanos e avanços tecnológicos vem destacando-se um fenômeno denominado Ciberbullying ou Bullying Virtual e isso tem despertado o interesse de muitos estudiosos, uma vez que, tem deixado muita gente preocupada com o seu alcance nas diferentes classes dentro das sociedades.
            Tal fenômeno tornou-se uma prática que ressalta uma forma de violência que está ganhando proporções absurdas, invadindo diferentes espaços educativos, sendo disseminada através dos meios globalizados de comunicação. São eles email, telefones, mensagens por pager ou celular, fotos digitais, webcam, twitter, torpedos, blogs e principalmente pelo MSN. Nesse contexto, a internet destaca-se como por ser um espaço tecnológico amplo e com velocidade para propagar e fidelizar os horrores provocados pelo Ciberbullying.
            Todavia, o bullying significa que ocorreu violência verbal, física entre outras de reincidente e intencional em algum lugar e com qualquer pessoa, não escolhendo idade, sexo, raça, condição financeira no mundo real. Já  o  bullying  virtual depende da internet para os seus agressores na maioria das vezes anônimos promovam essa violência. A soma do bullying com bullying virtual resulta em Ciberbullying.
Nota-se que, este projeto trata do Ciberbullying na vida das pessoas, considerando a escola com um espaço onde há uma crescente desta violência entre educandos, atingindo até mesmo os educadores e gestores, tendo como objetivo a compreensão do desenvolvimento psicológico, social e cognitivo dos educandos que  sofreram algum tipo desta violência.
1.1       DELIMITAÇÃO  DO TEMA
           
O termo inglês bullying define-se como intimidação, designando as práticas de atos agressivos, como perseguição, discriminação e humilhação.  O cyberbullying  é  um  tema  relativamente  novo  na  literatura  que  envolve  a  utilização  das tecnologias digitais para promover constrangimento moral ou psicológico (MAIDEL, 2009, p.45).
            Diante do Ciberbullying, muitas pessoas sentem-se inseguras quanto em quem e no que acreditar, pois ainda falta uma legislação bem específica para punir tais atos. Infelizmente, ainda tem muitos que os comete porque têm certeza da impunidade.
            No contexto escolar, percebe-se que os educadores também estão em dúvida sobre quais caminhos devem seguir e ensinar aos seus educandos. Desse modo, manifestam que os bons valores de outrora estão sendo desconsiderados e analisam tal fenômeno como plena crise de moralidade. Essa situação traduz uma ótica pessimista e conduz, inevitavelmente, a uma reflexão sobre os valores morais e a ética para a formação da cidadania.

1.2       PROBLEMA

Como o fenômeno “Ciberbullying” interfere no desenvolvimento psicológico, social e  cognitivo dos educandos?

2      HIPÓTESE

·         O fenômeno do “Ciberbullying” causa constrangimento, assédio, difamação e violação da intimidade do educando.
·         Os recursos disponibilizados para as escolas não são suficientes para interferir e minimizar esse fenômeno social.
·         Nota-se que, no Brasil o número de profissionais capacitados para lidar com esse fenômeno não é suficiente devido à proporção desta violência que surgem nas escolas.
3      OBJETIVO GERAL

Sensibilizar educadores e educandos  para o fenômeno “Ciberbullying”e suas contribuições para a minimização desse problema.

3.1  OBJETIVOS  ESPECÍFICOS

·         Planejar palestras e rodas de conversa para debater sobre o tema, assim como esclarecer à comunidade educativa a dimensão do fenômeno “Ciberbullying” e suas conseqüências no desenvolvimento dos educandos;

·         Propôr palestras e ou ações em formação continuada aos educadores e demais membros da comunidade educativa abordando “Bullying e Ciberbullying, na perspectiva sociológica, psicológica e jurídica do tema;

·         Evitar posturas alarmistas e aterrorizantes quanto ao “Ciberbullying” e seus efeitos, pois os educandos tendem a captar tais atitudes como demonstração de insegurança dos adultos.

4      JUSTIFICATIVA

            O mundo globalizado tem promovido o crescimento acelerado da comunicação digital fortalecendo um fenômeno antigo, a violência, porém num ambiente novo, denominado por “ciberespaço”.
A educação [...] insere-se no conjunto das relações sociais, econômicas, políticas, culturais que caracterizam uma sociedade [...] na sociedade presente, as relações sociais são marcadas por antagonismos entre os interesses de classes sociais e grupos sociais, que se manifestam em relações de poder (LIBÂNEO, 2000, p. 71).

            Para tanto, nos dias de hoje é cada vez mais comum crianças e jovens e crianças se tornarem usuários ativos das redes sociais utilizando os meios digitais de  comunicação para se comunicar e também para provocar atos violência que configura o Ciberbullying. E, como usuários estes jovens diariamente promovem atos agressivos agindo individualmente ou em grupo com outros colegas.

5  FUNDAMENTAÇÃO  TEÓRICA

            As novas tecnologias do século XXI fizeram surgir o conceito de Ciberbullying colocando a disposição dos  usuários  recursos  tecnológicos que facilitam o impacto e as barreiras quanto a tempo e espaço. Cabe ressaltar que, na internet há muita comunicação em tempo real em qual localidade do mundo que tiver um terminal de computador conectado.
A espacialidade criada pela rede mundial de computadores, o ciberespaço, está para a contemporaneidade como a eletricidade esteve para a era industrial, tendo em vista que a velocidade e a flexibilidade com que as informações passaram a ser trocadas possibilitaram a organização da sociedade em redes, base da Era da Informação (CASTELLS, 2003, p. 48).

            Portanto, qualquer discussão envolvendo o Ciberbullying refere-se às violências oriundas da interação entre os usuários. Isto é, remetem aos atos capazes de causar exposição desnecessária, constrangimento, ameaça ou humilhação a um determinado usuário, invadindo assim a sua vida pessoal.
O bullying, palavra derivada do verbo inglês bully (termo utilizado para designar pessoa cruel, intimidadora, muitas vezes agressiva) significa usar a superioridade física ou moral para intimidar alguém. O termo, adotado em vários países, vem definir todo tipo de comportamento agressivo, intencional e repetido inerente às relações interpessoais. Ofender, zoar, gozar, encarnar, sacanear, humilhar, discriminar, excluir, isolar, ignorar, intimidar, perseguir, assediar, aterrorizar, amedrontar, tiranizar, dominar, bater, chutar, empurrar, ferir, roubar e quebrar pertences são comportamentos típicos do
fenômeno (GUIMARÃES, 1994. p.36).

            O Ciberbullying deve ser definido com o bullying praticado com uso de tecnologias. A qualificação do bullying como ato pessoal entre duas pessoas ou um grupo.  A rigor, assim como o bullying presencial, o virtual configura-se a partir da sua reincidência. Percebe-se que, os tipos de Ciberbullying são variados, cada um com sua característica e podem estar presentes em qualquer localidade, a qualquer momento. Sua ocorrência tem a ver com o constante acesso de suas vítimas em ambientes comuns nas redes sociais. Em outras palavras, para melhor exemplificar seguem  uma  lista  de  atos  cometidos  por  agressores  do  Ciberbullying, sendo:

1. Provocação incendiária: brigas, discussões iniciadas online por meio de mensagens eletrônicas que utilizam linguagem vulgar e ofensiva. Esse tipo de agressão habitualmente tem um início brusco e um aumento em torno da discussão muito rápido; 2. Assédio: envio de mensagens ofensivas, desagradáveis e/ou insultantes; 3. Difamação: injuriar ou difamar alguém online, mandando rumores, fofocas ou mentiras, normalmente de tipo ofensivo e cruel, para causar danos à imagem ou à reputação de alguém e suas relações com outras pessoas; 4. Suplantação da personalidade: usar os dados pessoais ou a aparência de uma pessoa para se fazer passar por ela e fazê-la ficar mal frente aos demais, cometer atos inapropriados, causar danos à reputação ou gerar conflitos com seus conhecidos; 5. Violação da intimidade ou jogo sujo: difundir os segredos, informação comprometedora ou imagens de alguém online. Em alguns casos pode-se enganar alguém para que ele mesmo seja quem as divulgue sem saber sua repercussão; 6. Exclusão: distanciar alguém de modo intencional de um grupo online; 7. Ciberameaça: envio repetido de mensagens que incluem ameaças ou muito intimidadoras. Pode incluir que o ameaçador se inscreve em atividades em que a vítima participa de modo que essa se sinta perseguida e vulnerável (ORTEGA; MORA-MERCHÁN, 2007, p.45).
           
As pessoas envolvidas com o Ciberbullying são vítimas de atos violentos, sofrem com a exclusão e isso é muito ruim, pois provoca nas mesmas algum tipo de comprometimento quanto ao desenvolvimento psicológico, social ou cognitivo. Acredita-se que, pelo anonimato que tais atos tomam um caráter bem mais agressivo, levando a vingança e revanche. 
            Historicamente, o Ciberbullying  surgiu em 2006 nos Estados Unidos a partir de namoros virtuais em sites específicos  e ou espaços individuais, tendo como fator motivador inúmeros trotes passados por uma dona de casa enviando seu perfil falso para conquistar / assediar amorosamente outros homens.
            No Brasil, a preocupação com o Cyberbullying vem avançando onde os educadores e familiares tem a incumbência de identificar e intervir nos casos com o objetivo que a situação violência acabe. No cotidiano escolar observa-se que o comportamento do aluno é reflexo das experiências vividas no meio familiar e social. É comum encontrar alunos problemáticos que são filhos de famílias desestruturadas, onde um dos pais é ausente por algum motivo ou não dão a devida importância para a vida escolar e social do filho. Apesar dessa importante observação, não se pode atribuir a esse fator como sendo a única causa do problema. É importante perceber que cada indivíduo responde diferentemente aos estímulos provindos do meio.
            Conforme Abramovay (2009, p.123) podem-se classificar as distintas violências como: violência dura (gestos e atos físicos, como agressões, roubos, assassinatos, estupros etc.), microviolências, incivilidades ou violência simbólicas (como ameaças, insultos, humilhações, olhares, silêncios, zombarias, estigmas e preconceitos que atuam, sobretudo, no campo das subjetividades) ou conflitos sociais como escravidão, racismo, desigualdade social, de gênero, dominação econômica, disputa de território etc.
            As conseqüências psicológicas, sociais e cognitivas deixadas pelo Ciberbullying  podem  ser desastrosas para as vítimas, onde podem surgir doenças graves e permanentes como transtorno do pânico, fobia escolar, fobia social, depressão, transtorno de ansiedade, anorexia, bulimia, suicídio, homicídio entre outros.
            Partindo do exposto, fica evidenciado que é de fundamental importância que Ciberbullying como tema em destaque no momento seja discutido nos diferentes espaços educativos, buscando propostas que visem uma conscientização quanto um nova postura, uma formação da personalidade e do caráter, conduzindo a cidadania. Mas, as ações não podem ocorrer de forma isolada, há sim que envolver a sociedade como um problema de saúde pública desde século XXI. Nesse sentido, cabe a família, espaços educativos, principalmente, a escola e do poder público o papel a elaboração de ações para proteção consciente quanto ao mundo atual e as violências advindas dele.

6  PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
            Para  desenvolvimento do  projeto destaca-se:
·         Estudos e referências de cunho bibliográfico para embasamento de toda prática educativa;
·         Envolver toda a comunidade educativa em reuniões, debates, fóruns e outros na discussão, elaboração, pratica pedagógica das ações que envolvem as orientações, procedimentos quanto a não ser vítima do Ciberbullying.





7   RESULTADOS  ESPERADOS

            O entendimento sobre o Cyberbullying é fundamental a toda comunidade educativa. O fenômeno vem ocorrendo dentro de fora dos espaços educativos, porém a escola o evidencia com mais freqüência por ser um espaço de produção de conhecimentos.
            Entretanto, como resultados  espera-se:
·         Esclarecer à comunidade educativa a dimensão do fenômeno “Ciberbullying” e suas conseqüências no desenvolvimento dos educandos;

·         Formação continuada aos educadores, pais e ou responsáveis e demais membros da comunidade educativa abordando “Bullying e Ciberbullying, na perspectiva sociológica, psicológica e jurídica do tema;

·         Evitar posturas alarmistas e aterrorizantes quanto ao “Ciberbullying” e seus efeitos, pois os educandos tendem a captar tais atitudes como demonstração de insegurança dos adultos.

 REFERENCIAS  BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMOVAY, Miriam; CUNHA, Anna Lúcia; CALAF, Priscila. Revelando tramas, descobrindo segredos: violência e convivência nas escolas. Brasília: RITLA/SEDF, 2009.


CASTELLS, Manuel. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro Jor;Ge Zahar Editor, 2003.


GUIMARÃES, Janaína Rosa. Disponível em:  http://www.migalhas.com.br/mostra_noticia_articuladas .aspx?cod=80895. Acesso em: 30 10 12.


LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez, 2000. 


MAIDEL, Simone. Cyberbulliyng: um novo risco advindo das tecnologias digitais. Revista Electrónica de Investigación y Docencia (REID). pag. 113-119. Junho de 2009.
           
                      
ORTEGA, Rosario & MORA-MERCHÁN, Joaquín A. The New Forms of School Bullying and Violence. In: Acting Against School Bullying and Violence. Landau: Verlag Empirische Pädagogik, 2007.