domingo, 18 de setembro de 2011

A Formação de Docentes para a Educação à Distância: desafios em tempos de globalização

A  FORMAÇÃO DE DOCENTES PARA A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA: DESAFIOS EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO


      Cláudia   Francisca  Honorato[1]

  
RESUMO

Este artigo apresenta “A Formação de Docentes  para  Educação `a  Distância: desafios em tempos de globalização” como tema a ser pesquisado mediante as imposições do mundo globalizado. Sabe-se que, o profissional docente tem sua prática pedagógica completamente modificada considerando as inovações advindas das novas tecnologias do século XXI. Entretanto, faz-se necessário compreender a docência no Ensino Superior, com suas teorias e práticas aplicadas para o alcance do ensino e da aprendizagem. Entretanto, a docência alcança diferentes espaços formais e não-formais de ensino, e é imprescindível não deixar de lado a necessidade da adoção de novas posturas e foco sobre o processo da educação advindo dos tempos de globalização. Diante da Educação à Distância a formação dos docentes demanda em investimento de forma continuada. Todavia, o que se propõe é a compreensão da docência contextualizando as inovações impostas pela sociedade globalizada, sem deixar de ressaltar as limitações, dificuldades e desafios enfrentados pelo docente que ministra aulas à distância, ressaltando que o mesmos pode participar em tempo real das transformações que porventura venham ocorrer na prática pedagógica. Provavelmente, um dos maiores desafios dos dias atuais ainda seja a necessidade da constante aprendizagem, pois não basta apenas aprender é preciso saber aplicar o que aprendeu. Ao docente cabe então, a reflexão sobre sua convivência em uma sociedade globalizada aliando a tecnologia com a sua pedagogia numa proposta de construção de uma postura cidadã.
 
Palavras - Chave: Docência. Ensino. Superior. Distância.

Introdução

A educação a distância já ocupa um lugar de destaque  no Ensino Superior no Brasil. E, no momento o que tem incomodado é a necessidade da definição de estratégias onde os docentes participem de formações continuadas. Todavia, o que se propõe é a compreensão da docência contextualizando-a diante das inovações impostas pela sociedade globalizada, sem deixar de ressaltar as limitações, dificuldades e desafios enfrentados  pelo docente que ministra  aulas na modalidade à distância, ressaltando que os mesmos devem participar em tempo real das transformações que porventura venham ocorrer na prática pedagógica comumente aplicada.
        Ensinar, em tempos de globalização não é tarefa fácil, nem simples, requer a compreensão do que foi feito no passado e com certeza do que pode ser feito nos dias atuais. Partindo desse princípio, a docência no Ensino Superior implica em ensinar a adultos objetivando convivência, sobrevivência, e consequentemente, educação para o trabalho. Já a modalidade de ensino denominada como EaD – Educação à Distância tornou-se uma realidade aplicada cada vez mais pelas instituições de ensino superior  no Brasil.

De forma geral, a formação do docente da Educação à Distância traz como perspectiva o surgimento de um referencial ao processo de ensino-aprendizagem onde a aquisição de novos conhecimentos vem ocorrendo independente do espaço educativo, porém tem seu foco no nas exigências da sociedade globalizada contando com todo o seu aparato de recursos e avanços tecnológicos.

Nesse contexto, o tema: “A Formação de Docentes para Educação`a Distância: desafios em tempos de globalização” será apresentado destacando uma grande  preocupação dos docentes envolvidos na prática pedagógica da modalidade de Educação à Distância  pela busca do desenvolvimento pessoal e profissional, tendo em vista facilitar a preparação pedagógica para  compreender os desafios dos dias atuais.
           Entretanto, as sociedades anseiam  por  aprendizagem,   por  conhecimentos. O que tem gerado uma  correria   por  parte do docente no sentido de aprender o que é necessário para ensinar. O mesmo têm estado ininterruptamente envolvidos nos processos que direcionam as práticas pedagógicas na qual está envolvido.

Todavia, o que se propõe neste artigo é compreender como a docência vem sendo desenvolvida no Ensino Superior na modalidade à Distância, contextualizando as inovações impostas pela sociedade globalizada.


A  Formação de Docentes para a Educação à Distância: desafios em tempos de globalização

A formação de docentes para a Educação à Distância  tem sido um desafio em tempos de globalização. Referindo-se, especificamente, a docência é imprescindível não deixar de lado a necessidade da adoção de novas posturas e foco sobre o processo da educação advindo dos tempos modernos, da globalização, pois a forma de aquisição do ensino e da aprendizagem mudou e vai mudar muito mais.

[...] o (a) professor(a) não pode desvincular-se das características específicas de seu papel profissional: o de organizador do espaço sala de aula; o de conhecedor dos objetivos e dos conteúdos da disciplina, com a qual trabalha; o de responsável pelas técnicas mais adequadas para o correto desenvolvimento dos trabalhos didáticos; o de planejador das atividades discentes em sala de aula; o de avaliador continuado de todo esse processo; (VASCONCELOS, 2003, p.69).

  O  advento do processo de globalização vêm mudando, significativamente as formas de atendimento e a gestão dos diferentes processos desenvolvidos nas organizações. O cidadão do século XXI demanda por direitos humanos, qualidade de vida e atendimentos humanizados.

A globalização, as novas tecnologias, a inclusão digital e o desenvolvimento sustentável cobram (...) questões de grande complexidade. Entre elas, competências, habilidades e liderança, utilizadas como base para uma gestão democrática, que vislumbra uma equipe coesa com objetivos comuns, “aprender a aprender”. Cabe a esse profissional buscar sua formação continuada, especializar-se na sua área de atuação, atualizar-se com as inovações tecnológicas e saber cuidar, cuidar de si e do outro, visualizando uma perspectiva planetária. ( COSTA, 2007)

            Nesse contexto, cabe ao profissional docente investir em sua formação de forma continuada, sem parar, sem descansar e com bastante interesse e  envolvimento. Diante disso, planejar com clareza como desenvolverá com os seus alunos a teoria e prática dos conteúdos programados para cada área do conhecimento que compõe os cursos no qual está inserido.

O papel da educação é formar esse profissional e para isso, esta não se sustenta apenas na instrução que o professor passa ao aluno, mas na construção do conhecimento pelo aluno e no desenvolvimento de novas competências, como: capacidade de inovar, criar o novo a partir do conhecido, adaptabilidade ao novo, criatividade, autonomia, comunicação. (MERCADO, 1999, p.30).

            A globalização, e todo o avanço tecnológico que a acompanha tem  promovido e demandado por novos desafios. E, isto significa que a família, as instituições, os governos, os governantes, e todos os demais setores da sociedade estão à mercê do que vier, do que surgir como proposta a ser desenvolvida por intermédio dos recursos da tecnologia.

Na era da informação, a experiência educacional diversificada será a base fundamental para o sucesso e  para isso, o que os estudantes necessitam não é dominar um conteúdo, mas dominar o processo de aprendizagem. Cada vez mais haverá necessidade de uma educação permanente, explorando todas as possibilidades oferecidas pela tecnologia. (MERCADO, 1999, p.33)

Por esse quadro, o fazer do docente deve ser direcionado a captar os desafios referentes a reflexão, a qualidade, a crítica e o desenvolvimento de habilidades que propiciem a descoberta de como aplicar a teoria em sua prática diária. Atualmente, ser docente é ser pró-ativo, estando atento  as adversidades, mudanças e transformações decorrentes de processos globais e ou locais de disseminação das informações que geram conhecimentos. Com isso, “(...) ensinar inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível ensinar (...). Aprender precedeu ensinar ou, em outras palavras, ensinar diluía na experiência realmente  fundante  de aprender (...)”. (FREIRE, 1996, p.26)

            Partindo desse pressuposto, na modalidade da Educação à Distância as limitações, dificuldades e desafios são impostos aos docentes todos os dias e tem oportunizado a muitos uma mudança de vida. E, esta modalidade de ensino tem crescido tanto que é extremamente bem aceita  e  devido aos avanços tecnológicos o que era por correspondência vem sendo efetivado pela internet, via satélite, via email, entre outros.

(…] a educação à distância, cujos principais programas desenvolvidos hoje no Brasil são de formação de professores, pode trazer uma grande contribuição para a revolução necessária nesta formação, pois certamente o professor que participou de um processo de aprendizagem autônomo e utilizou tecnologias para aprender estará melhor preparado para utilizá-las de modo competente e criativo com seus alunos. ( BELLONI, 2009, p. 14)

            Historicamente, a EaD- Educação à Distância surgiu por volta de 1728 contando com as primeiras experiências, destaca-se aqui, um anuncio sobre material de ensino e tutoria feito pelo jornal da gazeta de Boston nos Estados Unidos da América com as primeiras experiências e isso permaneceu  até por volta de 1970 apenas via correspondências.

            No século XX, as experiências avançaram e chegaram a países como Austrália, Nova Zelândia, Noruega e a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), França e após 1946 uma única Universidade que existia no sul do continente africano.

            Na década de 1950, a Educação à Distância avançou por vários países do mundo. No Brasil, a sua trajetória foi determinante a partir de 1923  com a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, e em 1941 com a Fundação do Instituto Universal Brasileiro, em 1960 com existência da Comissão de Estudos e Planejamento da Rádiofusão Educativa. Já em 1972 foi marcada pela criação do Pronte l- Programa Nacional de Teleducação. Dois anos antes, em 1970, o Projeto Minerva (radioeducativo), o Telecurso de 2º Grau de uma parceira entre as TV´s Cultura e Rede Globo e também o Mobral – Movimento Brasileiro de Alfabetização.

E, nove anos depois, em 1981 a criação do Fundo de Financiamento da Televisão Educativa (Funtevê). Daí, por diante várias iniciativas foram surgindo, porém foi no início do século XXI que a Educação à Distância alcançou uma aceitação, aprovação e utilização bem expressiva.

            É claro que, a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 por Darcy Ribeiro sancionada no final do século passado impulsionou, significativamente todos os níveis de ensino no Brasil, pois abriu os mercados, ampliou as visões e comportamento sobre a educação.

Apesar de haver muitos questionamentos sobre as necessidades de como é possível alcançar o êxito em relação a docência. Os docentes continuam buscando um sentido para a sua prática pedagógica,  seja nas modalidades de ensino presencial ou a distância.

Sentido quer dizer caminho não percorrido, mas que se deseja percorrer, portanto, significa projeto, sonho, utopia. Aprender e ensinar com sentido é aprender e ensinar com um sonho na mente. A Pedagogia serve de guia para realizar esse sonho. (GADOTTI, 2005, p. 11)

O docente não representa um profissional que tem a sua profissão em extinção, pelo contrário está a cada vez mais vivo e deve  adequar-se as exigências quanto as metodologias e recursos tecnológicos, e bem rápido para não ficar à margem das mudanças. Tem surgido muitos recursos novos  e é possível fazer uso deles sabendo que todo o planejamento será aplicado numa prática que direciona a convivência no mundo globalizado.

De fato, educar tem uma finalidade, e desse impulso normativo é que se deriva a necessidade de controlar a ação educativa, observando o que conseguimos com o que fazemos, que conseqüências têm nossas ações sobre os seres sobre os quais influímos, que conhecimentos obtêm os educandos  e quais os que não obtêm. (SACRISTÁN, 2007, p.118)

            No Ensino Superior, todos adultos, buscam do docente informações  / conhecimentos a serem aplicados na sua formação profissional, pois a maioria está em fase produtiva, Cada aluno tem a sua própria demanda, sendo assim, docente tem por missão a busca e solução de problemas mediante as inquietações individuais. É um momento de duvidas, rupturas, descobertas, de constatações, e principalmente, de uma mudança radical mo comportamento. O que às  vezes é dado como verdadeiro pode representar falso em um curto espaço de tempo. Esses alunos serão os produtores em potencial no futuro próximo. Daí, precisam  experimentar com o intuito de ousar e da mesma forma poder construir e reconstruir se for necessário.

Nas perspectivas pedagógicas  mais atuais, alimentadas pelo produto de trabalhos de pesquisa no campo da didática, o docente cria propostas de atividades para reflexão, apóia sua resolução, sugere fontes de informação alternativas, oferece explicações, favorece os processos de compreensão; Isto é, guia, orienta e apóia, e nisso consiste o seu ensino”. (MAGGIO, 2001).


            O docente que ministra nesta modalidade de nível de ensino deve aplicar uma práxis pedagógica que propicie dinamismo, agilidade, discussão, pesquisa, motivação, crítica, senso comum, supervisão e aprendizagem. Afinal, estamos numa era onde quem tem mais informação tem mais facilidade de conviver e manter-se em sociedade.

O professor é hoje posto em xeque principalmente pela sua condição de fragilidade em trabalhar com os desafios da época. Entre eles, talvez os mais significativos sejam: as novas tecnologias de informação, a transferência de funções da família para a escola e a lógica de produtividade e mercado que estão definindo os valores da política educacional e até da cultura ocidental contemporânea. (CUNHA, 2005, p.6)

            Para atingir tais requisitos o docente precisa preparar-se continuadamente, num pensamento de que está sempre aprendendo, e que o conhecimento não é algo isolado e nem está acabado. Embora, seja essa uma prática ainda adotada por docentes do século XXI. Até então, sendo aceita por instituições tradicionais de Ensino Superior.

O desenvolvimento profissional envolve formação inicial e contínua articuladas a um processo de valorização identitária e profissional dos professores. Identidade que é epistemológica, ou seja, que reconhece a docência como um campo de conhecimentos específicos configurados em quatro grandes conjuntos a saber: conteúdos das diversas áreas do saber e do ensino, ou seja, das ciências humanas e naturais, da cultura e das artes; conteúdos didáticopedagógicos; conteúdos relacionados a saberes pedagógicos mais amplos e conteúdos ligados à explicitação do sentido da existência humana. (LIBÂNEO & PIMENTA, 1999, p 260



Para tanto, a globalização representa a grande demandante de reformas, de constante revisão, reconstrução e tem colocado o docente do Ensino Superior na condição de pesquisador, de também voltar a ser aluno de um determinado sistema de ensino, pois ele não cria mais sozinho e sim de forma compartilhada, almejando em equipe sucesso profissional e qualidade no trabalho prestado.

Os saberes de um professor são uma realidade social materializada através de uma formação, de programas, de práticas coletivas, de disciplinas escolares, de uma pedagogia institucionalizada e também os saberes dele. Que o saber docente se compõe, na verdade, de vários saberes provenientes de diferentes fontes. Esses saberes são os saberes disciplinares, curriculares, profissionais (incluindo os das ciências da educação e da pedagogia) e experienciais. Que embora os seus saberes ocupem uma posição estratégica entre os saberes sociais, o corpo docente é desvalorizado em relação aos saberes que possui e transmite.  O status particular que os professores conferem aos saberes experienciais, já que, constituem, para eles, fundamentos da prática e da competência profissional. (TARDIF, 2007, p. 33)


            Atualmente, o ato de ensinar está voltado para o seu objetivo maior que é a aprendizagem, mas também há outras respostas a serem dadas aos dirigentes das instituições de ensino. Como por exemplo: por intermédio da utilização de tecnologias o docente  têm em mãos a responsabilidade de conduzir seus alunos a uma formação que resulte em competência e competitividade. Esse passou a ser um ótimo resultado a ser alcançado pelas instituições de ensino que disputam um lugar, uma posição de referência na sociedade, e consequentemente, no mercado de trabalho.

 [...] um incansável pesquisador. Um profissional que se reinventa a cada dia, que aceita os desafios e a imprevisibilidade da época, para se aprimorar cada vez mais. Que procura conhecer-se para definir seus caminhos, a cada instante. Em um momento social em que não existem regras definidas de atuação, cabe ao professor o exame crítico de si mesmo, procurando orientar seus procedimentos de acordo com seus interesses e anseios de aperfeiçoamento e melhoria de desempenho. (KENSKI, 2006, p.90)



Sem dúvida, o docente do século XXI  têm suas funções alteradas, pois passa a ser gestor de suas práticas pedagógicas. Tendo que preocupar-se com resultados urgentes de sua ação. E, antes ele era por formação e excelência professor de determinadas áreas do conhecimento.

Os novos ambientes de aprendizagem, ao utilizar o enfoque reflexivo na prática pedagógica, podem colaborar para o desenvolvimento de pensadores autônomos, de indivíduos que pensam por si mesmos, o que não significa qualquer tipo de individualismo acentuado, mas relações de cooperação, parceria e compartilhamento entre os diferentes aprendizes, ou seja, interações individuais num contexto de cooperação, de diálogo, mediante o desenvolvimento de operações de reciprocidade, complementaridade e correspondência, o que pode ser incentivado com vivências de trabalho em grupo na busca de soluções para os problemas propostos, que reconheçam a importância da experiência e do saber de cada membro do grupo na construção do saber coletivo. (MORAES, 1997, p. 223).

            Especificamente, no ensino de conteúdos dos cursos da modalidade de Educação à Distância o docente é direcionado a uma postura bem despojada, onde   têm o apoio de tutores, coordenadores e das ferramentas tecnológicas como (internet sendo a principal, seguida de emails, fóruns, aulas via satélite, entre outros) que ficam disponíveis em rede / “on-line” nas vinte e quatro horas do dia para que o aluno acesse, consulte, pesquise, estude e realmente aprenda.

A internet é uma mídia que facilita a motivação dos alunos pela novidade e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece. Essa motivação aumenta se o professor cria um clima de confiança, de abertura, de cordialidade com os alunos. Mais que a tecnologia, o que facilita o processo ensino-aprendizagem é a capacidade de comunicação autêntica do professor de estabelecer relações de confiança com os seus alunos, pelo equilíbrio, pela competência e pela simpatia com que atua. (MORAN, 2000, p. 53).

            Com isso,  o  docente  passam a dividir a responsabilidade do ensino-aprendizagem com a equipe pedagógica, em descartar as contribuições ora vindas dos alunos, como um retorno de sua nova prática. Isso é bastante complexo, mas é possível e muitos docentes estão compreendendo que precisam reaprender a fazer o seu trabalho. Como     consequência   está  deixando  de  ser o centro para o ser o meio nesse contexto. Não cabe indignação, ansiedade, ou a preocupação com a perda ou ganho de poder, pois o docente  passou de centralizador a mediador do ensino e da aprendizagem, principalmente na modalidade de Educação à Distância.

Um admirável mundo novo  emerge com a globalização e com a revolução tecnológica que a impulsiona rumo ao futuro virtuoso”. (...) A partir dessa premissa, organismos internacionais e governos fazem ecoar umamesma proposição: é preciso reformar de alto a baixo a educação, tornando- a mais flexível e capaz de aumentar a competitividade das nações,únicos meios de obter o passaporte para o seleto grupo de países capazes de uma integração competitiva no mundo globalizado.  ( BARRETO; LEHER, 2003, p. 39)

No Brasil, é notório que as inovações tecnológicas provocaram um impacto sem precedentes em nossa sociedade a partir do final do século passado. O que naquela época era subdesenvolvimento hoje pode ser chamado de  desenvolvimento ou   sociedade de informação, pois as transformações vem de todos os setores, confirmando a  influência exercida pelo mundo globalizado  e recebido e experimentado pelos brasileiros.

No decorrer dos anos 90 o debate sobre educação e desenvolvimento esteve pautado pela exigência de responder ao padrão de qualificação emergente no contexto de reestruturação produtiva e de globalização da economia, ocupando lugar de destaque nas políticas educacionais. As discussões que ocorreram explicitam a necessidade de serem pensadas alternativas para problemas estruturais da educação brasileira, passando pela reforma dos sistemas públicos de ensino. ( OLIVEIRA, 2001)

Daí por diante, a preocupação central estava em compreender e como lidar com os avanços tecnológicos que interferem de forma rígida nos diferentes processos e nas diferentes culturas e sistemas. Isso, indicava  que todos precisavam a aprender novamente para conviver harmoniosamente em sociedade.

Provavelmente, um dos maiores desafios dos dias atuais ainda seja a necessidade da constante aprendizagem, pois não basta apenas aprender é preciso saber aplicar o que aprendeu. E, quem tem depara diretamente com tal situação são os docentes, destaca-se   aqui os que ministram para alunos da modalidade de Educação à Distância. Trata-se, nesse contexto de ensinar para a aplicação dos conhecimentos mediante uma sociedade que demanda por rapidez, flexibilidade, concorrência e qualidade.
             Dentro desta perspectiva, a formação do docente para a modalidade de Educação à Distância consiste em desafios, mas também em sobrevivência profissional e para a vida. Essas mudanças direcionam a um desdobramento, uma nova postura nessa formação indicando uma prática individual contendo disciplina na aplicação do que for aprendido.

             A modalidade de Educação à Distância, permite ao docente escolher as tecnologias que farão parte de sua  formação , uma vez que, traz em sua concepção o modelo fordista para dentro da organização do trabalho pedagógico conseqüentemente mais rapidamente incorporará ao processo educativo.

Entretanto, o  docente  da Educação à Distância deve estar atento a sua formação no sentido de assumirem  uma dinamicidade em um ritmo bastante acelerado, pois as informações chegam em grande quantidade. E, é preciso  transformá-las em conhecimento.

Há muito a fazer neste campo de trabalho docente. Vale enfatizar que para uma mudança na cultura educativa, a  ação  do professor assim como as do aluno mudam radicalmente. Não se trata de um mecanismo técnico de consciência profissional do tipo “o professor entra por uma porta tradicional e sai por uma porta virtual. (HERRLEIN, 2004)


Na   educação à distância as inovações tecnológicas não são novidades, pois dominam e indicam caminhos no  campo da educação sem cessar e não há mais volta. Para tanto, o docente de qualquer área de ensino necessita de uma estratégia para manutenção de uma formação continuada, estando apto  a dominar os recursos  tecnológicos de computação. E, isso não acontece do dia para a noite, isto é, leva tempo e muita disciplina para alcançara todos os objetivos. Nesse contexto, fica mais fácil quando o docente compreende e aceita suas limitações, dificuldades e necessidade de manter-se atualizado.

O professor   que deseja melhorar suas competências profissionais e metodologias de ensino, além da própria reflexão e atualização sobre o conteúdo da matéria ensinada, precisa estar em estado permanente de aprendizagem”. E isto deve ser o ponto de partida para a capacitação permanente dos professores. (KENSKI, 2003)


               Formar um docente para a modalidade de Educação à Distância possibilita a transformação do conhecimento do mesmo através do seu empenho com tudo o que aprender. Esses processos de formação geralmente almejam melhores salários, e bons planos de carreira para o docente. Agora,  o tempo necessário para a aquisição das novas habilidades e competências depende da busca de cada docente e sobretudo das oportunidades que ele tiver para aplicá-las no espaço educativo no qual estiver lotado.

Considerações  Finais

As reflexões apontadas neste artigo salientam quanto a  formação do docente para trabalhar na modalidade da educação ministrada á distância, onde faz-se necessário a efetivação de mudanças em relação a prática pedagógica no que tange a estrutura, aprendizagem e aplicação de novas tecnologias.
            E, a partir desse contexto a docência na Educação à Distância vem sendo repensada, pois a sua demanda direciona e de forma bem dinâmica as concepções didático-pedagógicas. Daí, conteúdos ministrados de uma forma expositiva em épocas passadas, precisam receber uma  outra adequação nos dias atuais.

            Agora, sabe-se com certeza que através dos recursos pedagógicos tradicionais leva muito tempo, assim a formação dos docentes do Ensino Superior não sairá do planejamento. Ou seja, compreender  e adotar novas tecnologias é imprescindível e pode causar um efeito imediato quanto a aplicação da práxis pedagógica mais condizente aos anseios da sociedade globalizada.

            Acredita-se que, dessa forma o docente será professor e aluno, simultaneamente, independente do   local onde estiver, e isso é muito bom, uma vez que, experimentará uma prática em tempo real. Há muita complexidade em tudo isso, e embora os desafios não sejam poucos, dá para superá-los.          Para a docência na Educação à Distância isto significa transformações na prática comumente aplicada e dá a garantia de credibilidade a essa modalidade de ensino.
              Nesse sentido, cabe ressaltar que a educação à  distância como possibilidade educativa para a contemporaneidade indica  que a educação acontece por intermédio do uso de  tecnologias.  Com isso, para ministrar nessa modalidade torna-se imprescindível seguir o mesmo ritmo do surgimento de novas tecnologias, caso contrário o docente fica a margem dos acontecimentos. Assim, os programas de formação continuada  do docente devem ocorrer também de forma  permamente.

Ao docente cabe então, a reflexão sobre sua convivência em uma sociedade globalizada aliando a tecnologia com a sua pedagogia numa proposta de construção de uma postura cidadã.
 

Referências
BARRETO, R.G.; LEHER, R. Trabalho docente e as reformas neoliberais. In: OLIVEIRA, D.A. (Org.). Reformas educacionais na América Latina e os trabalhadores docentes. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. p. 39-60.
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BELLONI, M. L. Por que integrar as tecnologias de informação e comunicação à escola? In: XVIII Simpósio de Estudos e Pesquisas da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás, 2009, Goiânia. Anais... Goiânia: Editora UFG, 2009, no prelo.
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Campinas, SP: Autores Associados, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
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KENSKI, V. M. Tecnologias e Ensino Presencial e a Distância. Campinas: Papirus, 2003.
KENSKI, V. M. Tecnologias e Ensino Presencial e a Distância. 4ª ed. Campinas: Papirus, 2006.
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MERCADO, L. P. L. Formação continuada de professores e novas tecnologias. Maceió. Maceió: Edufal, 1999.
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MORAES, M. C. O paradigma educacional emergente. Campinas, SP: Papirus, 1997
OLIVEIRA, D.A. “Política Educacional nos Anos 1990: Educação Básica e Empregabilidade”, in: DOURADO, L.F. e PARO, V.H. (org.). Políticas Públicas e Educação Básica, São Paulo: Xamã, 2001
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¹ Graduada em Licenciatura em Pedagogia  pela FUMEC - Fundação Mineira de Educação e  Cultura. Pós-graduanda em Formação de Docentes EAD  pela   FACINTER -  Faculdade Internacional de Curitiba.

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